Seguindo com nossa série de técnicas, vamos continuar com John Truby, mas agora vamos falar de estrutura da história, mais especificamente dOs Sete Passos.
Segundo Truby, toda boa história deve conter os sete passos: Fraqueza e Necessidade, Desejo, Oponente, Plano, Batalha, Autocompreensão e Novo Equilíbrio.
A primeira vista pode parecer uma forma de engessamento, mas a diferença nesse caso é que esses elementos existem dentro da história, são componentes dela, e não o contrário. Além disso, podemos tentar remover algum dos elementos e ver como fica nossa estrutura. Vamos fazer isso em cada um deles e ver que, embora seja possível, normalmente o resultado é uma história frágil.
O personagem começa a história com algum tipo de fraqueza que o impede de ser plenamente satisfeito ou feliz, e isso gera uma necessidade de resolver ou atenuar essa fraqueza. É interessante que seu personagem não esteja consciente dessa necessidade, sendo apenas uma força latente em seu interior.
Uma dica legal é dar duas necessidades para seu personagem, uma psicológica e outra moral, pois isso torna a história mais interessante. A ideia por trás disso é que uma necessidade psicológica, via de regra, estará afetando apenas ele próprio, enquanto uma moral estará afetando o seu relacionamento com outras pessoas.
Se no começo dO Hobbit, Bilbo já fosse aventureiro, corajoso e independente, qual seria a empatia do leitor com ele?
Saindo do campo abstrato e entrando na história em si, desejo é o que o personagem quer de maneira consciente, seu objetivo. Normalmente é o que faz o leitor se apegar a um personagem e entender seus motivos.
Se Schindler, em A Lista de Schindler, não desejasse salvar o maior número de pessoas possível, sobre o que seria a história?
O oponente é quem está competindo pelo mesmo objetivo que o personagem. Se for feito dessa forma, o conflito resultante será profundo e orgânico para a audiência.
Seria possível contar a história dOs Miseráveis sem o personagem de Javert?
O personagem identificou seu Desejo e sabe quem é seu Oponente, agora ele bola um plano para conseguir atingir seu objetivo. Um bom plano foca em derrotar o oponente e atingir o objetivo.
Sem o Conselho de Elrond, como a Sociedade do Anel conseguiria cumprir seu objetivo em Senhor dos Anéis?
Não necessariamente física, a batalha é o conflito entre personagem e oponente em busca do Desejo.
Sem a fuga e as mortes no final de O Iluminado, qual seria o impacto da história?
O esforço e angústia da batalha trazem uma auto revelação para o personagem. Idealmente é o ponto mais forte da história, onde o personagem entende algo sobre si mesmo que antes ainda não entendia. Atingindo ou não seu objetivo, o personagem deve sair da Auto Revelação mais forte e, em certo nível, tendo aplacado sua fraqueza inicial.
Em nenhuma hipótese faça o personagem dizer em voz alta a sua auto revelação. Prefira mostrar através de ações, sempre.
Em alguns casos é possível pensar em uma história sem auto revelação no final, sem necessariamente perder qualidade. Esses casos são mais usados em Tragédias, onde o herói falha mas sequer entende como isso foi possível.
Tendo atingido ou não seus objetivos, tudo retorna ao normal, exceto a evolução do personagem, que agora cresceu e evoluiu. Conforme falado em Auto Revelação, também é possível não ter um Novo Equilíbrio, mas esse é um recurso complexo de ser usado, pois fazer o personagem não crescer durante a história e ainda assim a manter interessante é um desafio e tanto.
E ai, reconheceu de quais filmes vieram as imagens do post?
Resumindo, os Sete Passos são:
Assim como a Premissa, os Sete Passos são mais uma ferramenta para auxiliar na estruturação e pensamento da sua história. Evite pensar “de fora para dentro”. Por exemplo, ao invés de pensar em um oponente e tentar encaixar no fluxo narrativo, pense no fluxo narrativo e em qual é a força que se opõe.
Essa mudança de foco ajuda a ver que os sete passos, ao invés de engessar sua história, trazem maior riqueza a estrutura.
John Truby – The Anatomy of Story
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