Explicar a Jornada do Herói é “chover no molhado”, mas algumas pessoas pediram para eu falar sobre o conceito. Normalmente fórmulas específicas tendem a aprisionar um pouco a criatividade, mas a Jornada do Herói dá algumas diretrizes bem amplas, facilitando o trabalho ao invés de engessar. Quase como os 7 Passos do John Truby.
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A idéia é montar um esqueleto estrutural da sua história baseando em doze passos. Tais passos são os chamados “beats” de enredo, e a ideia é criar uma história original, mas seguindo uma lógica que a audiência entenda em um nível subconsciente, deixando portanto a experiência mais poderosa.
Uma coisa que vale a pena ressaltar é que, assim como os 7 passos, conhecer a Jornada do Herói é um caminho sem volta. Todo livro ou filme que você consumir vai notar alguns desses pontos como bases estruturais.
Outro ponto que vale lembrar é que cumprir os doze passos não faz automaticamente sua obra ficar boa. Um exemplo disso é a obra cinematográfica dO Hobbit(filme, não o livro!), que, embora tenha atingido suas metas de bilheteria, não é vista como um exemplo de história bem contada. Vamos usá-la para expor cada passo.
O Herói está em seu lugar e mundo seguro. É onde o vemos em sua mais natural atitude, aprendemos mais sobre ele e o vemos como “um de nós”. Serve para trazer empatia da audiência com o Herói e para mostrar detalhes de sua vida.
Bilbo mora no Condado, um lugar tranquilo e seguro onde todos se conhecem.
Pode ser uma ameaça ou perigo que ronda seu lugar de segurança, pode ser apenas um chamado de um parente distante, ou qualquer outra coisa que muda o rumo das coisas em seu Mundo Comum e o cotidiano do Herói.
Gandalf propõe que Bilbo se una a ele em uma aventura perigosa (a fala é bem óbvia “Eu estou procurando alguém para compartilhar uma aventura!” diz o mago).
O Herói percebe que o Chamado da Aventura pode mudar sua vida, ou mesmo ser uma tarefa muito difícil. Dependendo do Herói, aqui ele fica ansioso por ir, mas temeroso que não conseguirá cumprir o necessário, ou mesmo puramente reticente sobre sua real vontade. Mais uma vez é um passo necessário para aproximar a audiência do Herói, mostrando-o duvidando de si mesmo.
Os anões organizam a partida com Gandalf para a Montanha Solitária, e Bilbo fica indeciso, pois não é normal um hobbit sair em aventuras perigosas.
Do alto de suas dúvidas e dificuldades, o Herói encontra alguém (ou algo) mais sábio e/ou poderoso que ele. Munido do conhecimento e com a confiança restabelecida, o Herói aceita o desafio e parte em sua busca.
Gandalf lembra dos feitos dos hobbits do passado para incentivar Bilbo a partir. Diz que coragem é normal em sua família e que apenas seu próprio orgulho o impede de tentar.
O Herói finalmente dá o primeiro passo em sua aventura, se afastando de seu Mundo Comum e abraçando o desconhecido. Ele pode continuar reticente ou com dúvidas, mas a decisão da partida é definitiva.
Bilbo parte em direção aos anões após um período de indecisão. Animado, ele deixa para trás sua vida comum.
Fora de sua zona de conforto e cada vez mais distante de seu Mundo Comum, o Herói precisa enfrentar desafios e provações de dificuldade cada vez maior. Esse caminho de dificuldades é necessário para dar experiência ao Herói e o fazer ver quem são seus aliados e quem são seus inimigos.
O caminho até a Montanha Solitária é repleto de perigos. Bilbo fortalece sua amizade com os anões e ganha o respeito de um outrora descrente Thorin.
O Herói se aproxima da meta da sua aventura. Pode ser uma localização física, um evento ou um inimigo, mas novamente as dúvidas voltam a rondar seus pensamentos. O Herói sabe que está prestes a enfrentar seu mais difícil desafio.
Com a ajuda das águias, Bilbo e a comitiva se aproximam da Montanha Solitária. Bilbo busca o conselho de Balin sobre os perigos a serem enfrentados em sua busca da Pedra Arken e da luta contra Smaug.
A luta final. O Herói enfrenta a crise, que pode ser uma luta tanto externa quanto interna, em busca de seu objetivo final, usando todas as habilidades e aliados que angariou ao longo da obra.
Bilbo e os anões enfrentam Smaug sobre o domínio da Montanha Solitária (reparem que após esse fato a história perde a força e o terceiro filme fica frágil e sem um arco completo).
O Herói vence sua provação, recebe sua Recompensa e cumpre seu destino, terminando a batalha como alguém mais forte e sábio do que antes. A Recompensa pode ter o simbolismo que quiser, pode ser tanto um objetivo físico quanto um conhecimento novo e poderoso.
Bilbo encontra e furta a Pedra Arken, o objetivo de seu contrato.
Agora seguimos o caminho inverso do Primeiro Portal. O Herói sai do mundo da aventura e começa a retornar para seu Mundo Comum.
Os reis negociam sobre quem deve ficar com a Montanha Solitária e seus tesouros, e embora Bilbo tenha cumprido seu papel, ele já não mais acha que Thorin deveria ficar com a Pedra Arken.
O Herói enfrenta um último desafio, agora portador da experiência e de sua Recompensa. Este deve ser o momento de maior impacto emocional no Herói, pois ele ainda precisa vencer o último desafio para ir para casa.
Bilbo decide deixar a Pedra Arken com os inimigos de Thorin.
O Herói volta a sua vida normal, mas agora tudo está mudado, pois o personagem que volta está muito mais sábio do que o que saiu.
Bilbo retorna para o Condado, mais sábio e corajoso. Além disso, ele agora possui Um Anel…
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