O primeiro livro dA Saga do Assassino termina dando um novo ânimo a obra e novas tramas a serem exploradas. O final apresenta alguns mistérios e um ritmo diferente a um livro que vinha até então meio lento. Se a autora conseguisse capitalizar a construção para mudar o clima de marasmo o segundo livro, O Assassino do Rei, tinha tudo para dar certo.
Infelizmente não é o caso.
A primeira metade do livro volta ao ritmo lento do anterior, com um agravante: os personagens tomam decisões cada vez piores, sem motivo aparente. O pouco de carisma que Fitz havia conseguido no final de O Aprendiz de Assassino vai minguando conforme você vê o protagonista agindo contra proveito próprio, enganando (ou enrolando) seu interesse amoroso, tomando decisões ruins e sendo reclamão num geral.
Os demais personagens, quando não pioram, apenas mantém um papel secundário na obra, e também suas decisões, mesmo as mais importantes, são tomadas sem muito pensamento ou consideração.
Fitz permanece um grande espectador de todas as ações do reino. Nos raros momentos de real protagonismo, há um tom de diminuição de seu feito, como quando ele lidera um ataque a um dos redutos dos navios vermelhos. Era um claro momento de heroísmo do personagem, e é relegado a um “voice over”, como se tal evento não tivesse real importância na história.
Fitz continua enrolando Molly, continua sendo um membro secundário da corte, continua quebrando pequenas regras como um adolescente mimado e continua tornando a vida dos demais personagens mais difícil do que precisa ser.
Outro ponto complicado de aceitar é a reação das pessoas aos problemas de saúde do rei Sagaz. Fitz comenta com Breu que o rei está muito doente, e a resposta de seu mestre é misteriosa, mas em clima de “O Rei é astuto e sabe o que está fazendo”. Quando ele leva suas preocupações a Bronco, expondo seu receio de uma potencial liderança de Majestoso, o cavalariço responde de maneira muito similar: não se preocupe, o rei tem um plano. Todos têm uma crença incrível no rei que está acamado e tem poucas chances de se erguer. Quando o rei morre, todos ficam surpresos, o que é mais um indício do quanto os personagens parecem perdidos na própria realidade.
<figcaption id="caption-attachment-650" class="wp-caption-text">“Caramba, o reizão morreu né? Poxa, nem imaginei!”</figcaption></figure>
Outro ponto é que todos, todos mesmo, tem plena consciência de que Majestoso é perigoso, instável e nunca pode liderar. E também todos, todos mesmo, não fazem nada quando veem o príncipe maquinando para tomar o poder do irmão Veracidade.
Isso é outro absurdo. Veracidade, mesmo consciente dos esforços do irmão em minar seu poder, decide se afastar da corte e ir atrás “dos Antigos”. O motivo: ele lê em um livro (??) que no passado, seus ancestrais foram atrás dos Antigos para resolver uma crise similar. Então o herdeiro de um reino em frangalhos, abandona a liderança para seu irmão incapaz, para buscar uma lenda num lugar que nem ele próprio sabe onde é. A “revelação” de que os “Antigos” podem ajudar é frágil, barata e sem graça.
<figcaption id="caption-attachment-651" class="wp-caption-text">“Você leu num livro e vai abandonar o reino?? Por que???”</figcaption></figure>
O único personagem que consegue carregar alguma força narrativa é Olhos da Noite, o lobo de Fitz.
E, novamente, como no primeiro livro, o final cria um ritmo diferente e te dá ânimo para começar o terceiro livro. Uma decisão terrível, pois é o pior dos três. Ah, e para um título de “O Assassino do Rei” existe pouco assassinato acontecendo. A trama política, tão vendida no primeiro livro, não dá as caras de vez nesse.
Um livro com personagens fragilizados, linha narrativa fraca e condução de enredo muito ruim. A autora mostra que, quando quer, consegue criar poder na história, vide o final, mas tal poder fica ausente do resto.
Nota 1 de 5, graças ao único personagem legal, Olhos da Noite.
Caso queira comentar o post ou entrar em contato, manda um tweet ou um email