Resenha: O Aprendiz de Assassino – Robin Hobb

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A trilogia A Saga do Assassino foi uma das leituras que surgiram quando comecei a buscar “alternativas a Crônicas do Gelo e Fogo” pela internet. Até hoje sinto um vácuo na ausência de outras obras literárias contendo fantasia medieval misturada com tramas políticas de qualidade. Buscando em diversos fóruns e cantos obscuros da internet, a sugestão dessa trilogia era muito recorrente e me motivou a tentar.

A premissa da história é interessante: o filho bastardo de um príncipe é criado na corte. Como não pode possuir ambições ao trono, e pode ser usado como peão de inimigos políticos, ele precisa ser treinado para manter sua lealdade e atuar nos bastidores da política real: os assassinatos. Em termos de política então, a ideia promete.

A Obra em Geral

A corte desse reino recebe nomes (títulos) que remetem a uma qualidade de caráter e isso é meio estranho quando se lê. O rei se chama Sagaz, os tios do protagonista são Veracidade e Majestoso e o pai biológico Cavalaria. No começo essa terminologia incomoda um pouco, mas logo você se acostuma e entende que a grosso modo são apenas nomes. O próprio personagem principal, por ser bastardo, acaba recebendo um nome comum, Fitz.

Como não pode faltar em uma obra fantástica, temos sistemas de magia no livro, dois na verdade. O Talento, é uma capacidade da realeza, que pode ser usado tanto para comunicação distante entre “talentosos” quando para sugestionar pessoas, tal qual um tipo de telepatia, e a Manha é, de uma maneira bem ampla, a capacidade de se comunicar com animais. O mundo de O Aprendiz de Assassino vê o Talento como uma coisa bela e a Manha como suja e perigosa, pois seus praticantes sempre correm o risco de se afeiçoar demais a um animal e começar a viver como ele.

Fitz cresce como um pária no castelo, dada sua origem fora do matrimônio, mas tem aulas regulares com Breu, um outro bastardo, irmão do rei Sagaz, que o ensina as artes do assassinato, desde táticas até venenos e artifícios específicos da profissão.

A vida de Fitz corre sua normalidade até que o reino começa a ser atacado por inimigos externos vindos em Navios Vermelhos. Quando um Navio Vermelho captura uma cidade, ele sequestra parte da população e depois a libera pouco depois. Contudo, as pessoas passam por algum processo desconhecido que lhes remove toda e qualquer humanidade. Esquecem entes queridos, não tem vontade de realizar suas profissões, e respondem somente a seus instintos mais primitivos, se tornando altamente perigosos.

Não tá errado, mas…

A obra tem todos os ingredientes necessários para gerar conflito e engajar o leitor. Sistemas de magia diferenciados, situação política instável, maquinações na corte, mas falha em hangariar suspense em todos os sentidos.

Um dos maiores chamarizes do livro são as tramas políticas, mas isso basicamente não é explorado. Sagaz é um rei mantendo seus súditos unidos, Veracidade é o herdeiro bonzinho e Majestoso é o herdeiro mimado. Ponto. Não há maquinações ou reviravoltas, apenas um constante barulho de fundo.

O final até trás um pouco de ar para isso, mas só o suficiente para você se interessar a comprar e ler o próximo livro.

Os demais personagens não são tão mais explorados. Breu é um assassino da corte, Bronco é um cara dos estábulos e Fitz é um jovem que sofre por ser quem é. Não há nenhuma personagem ruim, eles até tem vida e você se interessa, mas acabam passando como genéricos demais.

A narrativa é lenta, os personagens, embora bem trabalhados, são genéricos, a trama política só é entregue nos últimos dois capítulos (e ainda assim, bem pouco pincelada), e o livro falha em se categorizar como “mais um livro de fantasia”.

Nota 2 de 5.

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