Alguns livros tem peso histórico inegável. Quando Aldous Huxley escreveu Admirável Mundo Novo em 1932, tinha como ideia não só o lançamento de um romance, mas uma previsão do que ele imaginava que seriam os anos vindouros.
É impossível negar o impacto que a obra trouxe ao mundo. Quando Orwell lançou seu clássico 1984, os dois autores (que já se conheciam) inclusive trocaram cartas, onde Huxley reforçava sua crença que, embora a visão de Orwell fosse interessante e já usada no passado, tais métodos talvez não se mostrassem tão eficientes, especialmente a longo prazo. Na opinião de Huxley, uma população que precisasse ser controlada na base da força, mais cedo ou mais tarde se revoltaria.
Um controle mais sutil, onde o controlado nem se vê como apenas uma peça oprimida teria uma chance de sucesso muito maior.
<figcaption id="caption-attachment-916" class="wp-caption-text">A produção de bebês</figcaption></figure>
Por isso, no mundo de Huxley não há família. Os seres humanos são produzidos em laboratório, onde são moldados para o trabalho que executarão em vida. A sociedade é dividida em cinco castas de trabalho, e para impedir que uma casta se revolte contra sua situação, são hipnotizados durante a noite para fazê-los acreditar que sua casta é a melhor e as outras existem apenas para manter a força de trabalho. O que poderia sobrar de revolta é amortizada com uma droga que traz relaxamento ao usuário e que não tem efeitos colaterais chamada soma.
Há algumas provocações muito pertinentes e atuais. Os cidadãos desse Novo Mundo, por exemplo, se orgulham por não possuir religião, mas reverenciam Ford e a industrialização como entidades (“Por Ford!” é uma frase comum no livro). Difícil não associar isso ao pensamento moderno do “Deus mercado”.
Infelizmente, Huxley não tinha a mesma habilidade de Orwell de criar personagens e tramas engajadoras. Ler Admirável Mundo Novo é uma tarefa cansativa, e os personagens são rasos e simplistas. Ou você foca muito na construção do mundo para manter a vontade de continuar, ou você vai parar no meio.
Como é um mega clássico e uma leitura obrigatória para mostrar a genialidade das previsões do autor, damos um desconto, mas não consigo dar uma nota maior que de 2.5 de 5.
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