Resenha: A Quinta Estação – N. K. Jemisin

- 3 minutos de leitura

Poucos livros recentes tiveram o impacto que “A Quinta Estação” teve em mim. A narrativa é forte, os personagens são ativos, o cenário é diferente da “Fantasia Padrão” e a trama é envolvente. Não é a toa que venceu um Hugo.

O continente(e mundo) onde se passam os acontecimentos da obra se chama Quietude, uma ironia dado que este sofre com profundos e constantes abalos sísmicos. Além disso, existe uma “Quinta Estação”, além das quatro que temos em nosso mundo, onde animais e plantas mudam de comportamento para melhor se adaptarem.

A magia do mundo tem o nome de “orogenia”. No nosso mundo, esse termo é dado ao conjunto de processos que criam montanhas. Em Quietude, esse é o nome dado às habilidades que uma pequena parte da população tem de controlar e moldar a terra, desde interromper terremotos, até criar os próprios. Dado que o continente vive sob abalos sísmicos, é uma habilidade muito útil para manter cidades e pessoas vivas.

Parte do problema social surge porque crianças orogenes (que possuem a orogenia) não possuem o controle ainda de sua força, podendo causar danos a seus familiares e amigos. Além disso, adultos podem se tornar muito poderosos, o que aumenta ainda mais o medo da população para com esses indivíduos especiais. Para sanar o problema, são criados lugares de controle onde são mantidas as pessoas com dom em orogenia isoladas e treinadas, pois suas habilidades são úteis demais para serem ignoradas, mas qualquer orogene que foge ou comete um erro, é caçado e morto pelos próprios defensores desses locais, os Guardiões.

A história tem três personagens principais, todos orogenes:

Essun é mãe de dois filhos. Um dia, ao chegar em casa, encontra o filho morto na sala, enquanto a outra filha e seu marido estão sumidos. Ela deduz que o marido executou o crime pois descobriu a orogenia em seus filhos. Com medo por sua filha, possivelmente ainda viva, ela engole o sofrimento pelo filho assassinado e sai em busca dos dois.

Damaya é uma criança que acabou de descobrir que possui o dom da orogenia. Ela tenta esconder dos pais, mas num acesso de raiva acaba falhando. Felizmente, antes que possa ser morta pela própria família, Damaya é resgatada por um Guardião, que a leva ao Fulcro, local de treino e controle dos orogenes.

Syenite é uma das agentes do Fulcro. Uma orogene treinada e usada em missões para resolver problemas em cidades para cidadãos ricos. Mesmo estando em um local a salvo, em uma camada que a sociedade aceita, a vida de Syenite é totalmente controlada, inclusive com quem ela deve “reproduzir”, mostrando que mesmo no Fulcro, os orogenes não estão a salvo.

Crítico e Atual

A crítica social é clara. A autora faz uso dos orogenes como analogia para a vida dos negros no mundo de hoje. O próprio termo pejorativo que o livro usa para ofender os orogenes provém de “nigger”. Os orogenes são vistos como párias, e nascer orogene é meio caminho para ser morto. Os Guardiões, que deveriam proteger os orogenes, são os que mais os controlam e eliminam, numa alusão a própria polícia.

É ótimo. E termina ótimo e de maneira pronta para a continuação.

É um sopro de novidade no mundo de Fantasia/Ficção Científica. Evitando os clichês e atacando temas atuais, “A Quinta Estação” é uma obra que precisa ser lida.

Nota 5 de 5.

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