Stephen King é um dos meus autores favoritos. Narrativa rápida, boas cenas de ação, suspense tenso e um acervo enorme fazem com que você sempre tenha boas expectativas quando começa um “King”.
Acontece que, como ele produz livros e mais livros, faz sentido que alguns sejam de uma qualidade mais baixa. E a principal questão é, como ele de fato escreve bem, às vezes consegue entregar uma cena com vários furos e problemas que passam despercebidos. Quando é só uma cena, você deixa passar. Quando é a cena final, onde todo o conflito deve ser resolvido, não dá para ignorar.
É o caso com A Dança da Morte.
Esse é mais um livro “pós-apocalipse com a sociedade se reconstruindo”. Devido a uma super-gripe criada em laboratório que foge do controle, por volta de 99% da população mundial morre em um curto espaço de tempo.
Os poucos sobreviventes começam a se juntar em pequenas comunidades para começar a se reerguer. Até aqui o livro vai muito bem: personagens são bem trabalhados e únicos, o cenário é bem entregue e tudo segue o “padrão de mundo pós-apocalíptico”.
Então começam os percalços. A história segue duas dessas comunidades: A liderada por Mãe Abigail, onde os preceitos do bem e de Deus são seguidos, e outra guiada por Randall Flag, onde o que vale é a palavra do líder (que tem superpoderes).
Até por volta da metade do livro, as comunidades estão mais focadas em reconstruir a sociedade, que é o que faz sentido.
Então as coisas dão uma degringolada.
Sem motivo aparente a “Comunidade do Mal” comete um atentado na dos mocinhos, matando um dos personagens principais e encurtando a vida da já idosa Mãe Abigail. Para acertar as contas, eles enviam quatro emissários para os vilões.
Fica claro que não há um plano em si. Apenas a fé de que o bem prevalecerá.
Eu sempre digo que o que mais importa numa história é o caminho, não o final, exceto quando não. Toda a trama afunila para esse confronto final que não tem explicação.
Dos quatro “emissários” da comunidade do “bem”, três chegam na “comunidade do mal” e um desses três é morto logo em seguida. Sobrando apenas dois, Randall Flag decide organizar uma execução pública para mostrar quem é que manda.
Porém, quando tudo está pronto para a execução, um dos comandados de Flag chega com uma ogiva nuclear.
Então, para silenciar um homem que está discordando de sua ordem, Flag conjura uma bola de energia para o alto.
Só que ele perde o controle da bola de energia.
A tal bola de energia vira uma mão (“A Mão de Deus”) e explode a ogiva, matando toda a “Comunidade do mal”.
Apelando para um nível de religiosidade meio triste, e com um literal deus ex machina salvando o dia, é difícil entender o porquê desse livro ser considerado “Um dos Melhores do Stephen King”.
Como disse no começo, é inegável a qualidade de escrita do autor, e é a única coisa que mantém algum nível a obra.
Nota 1.5 de 5.
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