Salve pessoal! Estou começando uma nova série aqui no blog, onde eu faço o review de alguns livros e filmes que eu já li/vi. A ideia é expor as coisas que eu gostei nas obras, as que funcionaram bem e as que não deram muito certo mesmo. Vou tentar separar a parte “Sem Spoilers” da parte que contém informações mais delicadas.
Vamos começar com um que li recentemente: O Imperador das Lâminas, por Brian Staveley. Aliás, o título veio traduzido errado, em inglês é “The Emperor’s Blades”, o que seria, em tradução livre “As Lâminas do Imperador”. Aparentemente foi uma decisão da editora, não da tradutora.
<figcaption id="caption-attachment-131" class="wp-caption-text">Bela capa!</figcaption></figure>
O imperador foi assassinado no coração do império e a história é contada pelo ponto de vista de cada um de seus três filhos:
Cada um dos três irmãos possui uma forma muito específica de lidar com problemas e situações, o que é uma boa medida da qualidade do escritor. Você não precisa ler o nome de quem está sendo acompanhado para saber qual é o ponto de vista daquele capítulo. Adare tenta manter sua fachada diplomática, mas sempre falha em conter a ira, Valyn é mais voltado à ação do que pensamentos e Kaden é introspectivo e indagador. Além disso os personagens secundários são bem desenhados e, alguns deles, bem cativantes.
Apesar de Valyn ser o mais velho, Kaden é o herdeiro do trono, pois nas regras da dinastia, o herdeiro precisa conter um traço físico: as íris em chamas, e Valyn possui olhos negros. Outro detalhe é que somente homens podem herdar o trono, portanto Adare, mesmo possuindo o detalhe físico necessário, fica fora da linha direta de sucessão. Dessa forma temos uma “posição inicial” repleta de conflitos: Adare está na capital, mas ela não é a sucessora, Valyn está em uma ilha cumprindo seu treinamento militar e Kaden está isolado em um monastério distante, cumprindo um aprendizado que o pai julgou necessário oito anos antes de seu assassinato.
Apesar de um bom trabalho nessa introdução das posições, há uma discrepância grande entre a quantidade de capitulos voltadas para cada personagem, e até no fator de “engajamento”.
Valyn é o personagem com mais capítulos, e, devido ao foco militar e de treinamento físico e estratégico, o mais interessante. Além disso, tem o principal fator fantasia no livro: a existência dos Kettral, uma espécie de pássaro gigante que também dá nome a sua tropa. O foco desse braço militar é realizar missões específicas e com poucos membros (normalmente são cinco). Assassinato, infiltração, sabotagem fazem parte do leque de trabalhos dos Kettral. Como ponto negativo, mesmo Valyn sendo o “chamariz” do livro, temos uma grande quantidade de clichês (e não do tipo legal), principalmente no que tange conflito e evolução de personagem.
Kaden deve possuir por volta de 25% a 30% do livro, sendo o começo bem devagar e introspectivo em seu treinamento. Eu gostei da evolução do personagem, mas entendo que quem ler pode achar lento e entediante. Pouca coisa acontece, e o autor tenta trazer um ar de tensão, mas há pouca coisa que realmente entregue esta prometida tensão. Do meio para frente melhora bastante.
Adare deve ter cinco ou seis capítulos, no máximo. Há, na minha visão, um certo descaso com a personagem, já que ela fica muito sem foco e, mesmo quando tem esse foco, altamente dependente de um personagem auxiliar. Também tem a questão de um certo machismo. Ela é irritadiça e submissa das ações, enquanto seus irmãos são bem ativos em suas buscas. Adare também tem uma importância menor a trama e mesmo em sua principal ação, que é trabalhar as intrigas da corte, há uma falta de protagonismo e um relegar a personagem a um papel “feminino”.
Se você está lendo aqui, provavelmente já leu o livro. Vou dar minha opinião sobre os pontos que mais me interessaram.
O primeiro antagonista de Valyn é o outro recém formado Kettral, Yurl. A relação deles é, na minha visão, o maior clichê do livro. Yurl faz questão de pegar no pé de Valyn pelo fato dele ser filho de um imperador, muito embora o próprio Yurl não venha de uma família dita humilde. A rivalidade deles se acirra conforme Yurl vai se mostrando mais cruel, junto com seu parceiro, Balendin. E no final Yurl era só uma “ferramenta” do verdadeiro antagonista, Balendin.
Por sinal, o sistema de feitiçaria, apesar de não ser muito bem definido, agrega algumas coisas interessantes. Talal, um dos companheiros de Valyn, é um feiticeiro, mas sua fonte é ferro. Isso significa que quanto mais ferro ele tiver por perto, mais forte ele será, mas mesmo com todo o ferro do mundo ele não conseguiria ser tão forte quanto Balendin, pois este tem como fonte as emoções humanas, muito mais abundantes e intensas.
O treinamento de Kaden para entrar na transe sem emoções chamada vaniate, também traz uma outra peça importante do quebra cabeças, a informação que ainda existem Csestriim vivos, uma raça de seres que nunca envelhecem e que, em guerras no passado, tentou eliminar a raça humana. Também é uma ótima sacada o treinamento de Kaden o ensinar a não sentir emoções e, na cena de luta, o colocar de frente com a maior ameaça, Balendin. Como o feiticeiro não consegue se alimentar de nada, Kaden consegue vencer o desafio. Apesar de exigir uma grande suspensão de descrença, é uma cena legal.
O tempo de algumas coisas me incomodou, por exemplo, Valyn chegar nas montanhas para encontrar Kaden bem no momento em que ele mais precisava. Além disso, algumas partes da luta foram muito simplificadas, o que deu a impressão que somente a equipe de Valyn recebeu algum tipo de treinamento de combate e as outras eram apenas figurantes.
Logo depois que Valyn e Kaden se encontram, eles decidem ir por caminhos diferentes de novo, mesmo com o mestre de Kaden, Tan, aconselhando contra. Essa foi a decisão que mais me incomodou dos personagens. Não fazia muito sentido Kaden querer se separar do irmão para garantir a chegada na capital. No final eles precisaram seguir assim, mas mais porque a outra equipe Kettral forçou Kaden e Valyn a tomar esse caminho, então… bom, menos mal.
Adare passa a maior parte do livro tentando provar algo, e, mesmo quando consegue, não é realmente relevante para os caminhos do próximo livro. A única diferença que Adare trás a trama é, quando no último capítulo, ela descobre que o regente Il Tornja é o verdadeiro responsável pelo assassinato de seu pai. Isso força o seus próximos passos, mas que nós só acompanhamos no segundo livro, A Providência do Fogo.
É um livro bacana e que trás algumas novidades em relação aos de fantasia “padrão”. O conceito dos Kettral é bem interessante, bem como o panteão diferenciado dos deuses e suas hierarquias. Tem alguns problemas, principalmente no que tange decisões de personagens, mas no geral vai bem. A narrativa também é fluida e, apesar de não começar rápido, te prende depois de alguns capítulos.
Nota 2.5 de 5. Passa de ano, principalmente pelo final que carrega a vontade do leitor para o próximo.
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