Conforme tinha avisado na newsletter, estou revendo a ideia dos posts de quinta feira. Os posts técnicos são os que me dão mais trabalho e menor retorno em engajamento e leitura, então vou testar um novo caminho: resenhas de filmes. Começaremos com “Estrada Sem Lei”, um original da Netflix.
Todo mundo já deve ter ouvido falar de Bonnie e Clyde, um casal de assaltantes de banco que ficou famoso nos Estados Unidos. Existem diversos filmes e obras contando e romantizando a vida dos dois. Porém, em “Estrada Sem Lei”, a ideia é seguir os detetives que emboscaram o casal.
Frank Hamer e Maney Gault são dois policiais já aposentados que precisam voltar a ativa. O casal fora da lei causou danos demais, por isso a governadora do Estado permite a volta dos dois “dinossauros”, inclusive com carta branca para usar força letal.
Em um mundo sem internet, raros telefones e com a população torcendo pelo sucesso dos assaltantes, a vida dos detetives é difícil e sua busca encontra obstáculos a cada passo. Mas o faro de Hamer e Gault continua afiado e eles sabem emboscar uma presa…
O filme tem grandes momentos quando falamos de personagem. Hamer é frio e tem uma presença assustadora, principalmente graças a seu auto-controle. Por outro lado, ele tem uma forte bússola moral de certo e errado. Dessa forma, quando um frentista confronta a posição de Hamer, falando que Bonnie e Clyde é que são “os mocinhos”, vemos o detetive perder o auto-controle.
Gault tenta não pensar muito nas implicações morais, mais preocupado com o sucesso da caçada e em manter-se vivo. É fácil ter empatia por ele, ao ver que está desempregado e com a casa sendo tomada pelo banco. Ele dá poucos indicativos de sua opinião clara, preferindo apenas manter um contraponto com Hamer.
A cena onde ele conta um pouco do passado com seu parceiro também é bacana, bem estruturada e com um diálogo muito bom.
Se, por um lado, os personagens tem tudo para dar certo, a escolha por um ritmo mais lento acaba derrubando um pouco a obra. Eu acredito ter sido uma decisão deliberada do diretor por um desenrolar mais deliberado, mas isso faz com que só seja possível ver o filme tomando um copo de café (bem grande).
Os poucos momentos fortes de personagem se perdem em um mar de cenas cansativas.
Nota 2 de 5.
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